O ultimo dia do 6° Congresso da Indústria Cerâmica de Revestimento, no Auditório 1, foi um dos mais esperados pelos participantes, pois tratou de um dos temas mais aguardados pelos ceramistas: a Decoração Digital. Com auditório lotado, Ana Virginia Lot, do Laboratório de Revestimento Cerâmicos (LaRC) discursou cobre “Método de Avaliação do desempenho técnico de tintas para decoração digital”, campo novo e até então inexplorado. Segundo Ana, 35% da produção do Brasil já é feita utilizando a impressão digital, mas a maior parte das cerâmicas efetua a compra da tinta baseado-se em opções subjetivas, seja pelo preço ou pela tradição de determinado produtor, sem testar para saber qual produto é melhor ou mais adequado a sua produção. Isso porque, até o momento, não existe teste que informe sobre o rendimento da tinta ou a qualidade cromática, que apresente maior gama de cores e vivacidade.
Em uma tentativa de iniciar os processos para que essas avaliações possam ser realizadas no futuro, Ana apresentou o resultado de testes desenvolvidos no LaRC, utilizando como parâmetros o Índice de Extensão, medindo o quanto a gota de tinta se estende sobre o substrato, o que é diretamente proporcional a resolução da imagem; bem como a Análise Colorimétrica, que pode ser determinante para o rendimento da tinta.
Analisando peças em um mesmo suporte tanto seco, como com umidade de 100g/m2 e também de 300g/m2, com temperatura de queima fixa, a primeira constatação é a de que a umidade interfere no Índice de Extensão, aumentando-o até certo ponto e posteriormente decrescendo. Os parâmetros indicaram que, quanto menor o Índice de Extensão maior a resolução de imagem, porém menor o rendimento, pois a gota não se espalha, precisando de mais tinta para ocupar todo o substrato; e quanto mais intensa a vivacidade medida na Análise Colorimétrica, maior a qualidade de imagem e maior o rendimento, pois é possível utilizar menos tinta para obter o mesmo resultado de quando se utiliza muito tinta com baixa vivacidade. A conclusão relatada foi que a imagem e o rendimento dependem do conjunto tintas e desenho, porém o método se mostrou adequado e sua evolução poderá ajudar o setor a selecionar suas tintas com bate empírica,
Como aplicar essa pesquisa a produção depende diretamente do foco da indústria, que pode variar entre a preferência pelo maior rendimento ou melhor qualidade de imagem.
Dando continuidade ao ciclo de palestras, Thiago Madazio, engenheiro de desenvolvimento e suporte técnico da Imerys apresentou um estudo desenvolvido pela empresa na Europa sobre a “Influência de caulins na impressão digital em uma camada de esmalte”.
Apresentando ideias complementares à primeira apresentação do dia, Madazio completou dizendo que, além das tintas, o substrato também influência diretamente na qualidade da impressão, fato esse já conhecido de setores que trabalham a mais tempo com a impressão digital, como é o caso da indústria gráfica e do papel. Os caulins, portanto, influenciam diretamente o processo que pode variar de acordo com o formato de suas partículas, fator de forma, química, mineralogia, área superficial, entre outros fatores.
Para o teste foram analisado quatro caulins da planta Imerys Rio Capim, no Pará, e feita a medição do tamanho das gotas de tinta aplicada sob esses substratos. Foi comprovado que, quanto maior o teor de caulim, maior serão as gotas e mais próximas as áreas delas, atingindo o melhor desempenho com 10% de caulim. A tinta tende a espalhar-se mais no esmalte quanto maior o fator de forma e quanto mais fino o caulim. A conclusão é que é importantíssimo para um bom desempenho do esmalte a proporção correta entre o fator de forma e a fração de finos dos caulins.