A Associação Paulista das Cerâmicas de Revestimento (Aspacer), que representa as empresas que envolvem o polo de cerâmica de revestimento, esteve nos Estados Unidos de 06 a 11 de maio para conhecer a exploração de gás de xisto. O objetivo foi o de levantar os mecanismos regulatórios que permitiram a expansão do segmento no mercado norte-americano, bem como as soluções tecnológicas.
Benjamin Ferreira, vice-presidente da Aspacer e Luís Fernando Quilici diretor superintende da entidade, fizeram parte da comitiva, que contou também com membros de outras entidades do setor energético, bem como representantes do poder legislativo. Os participantes visitaram o congresso norte-americano, a American National Gás Alliance e a empresa de exploração do gás Chesapeaky Energy. Em Pittsburgh – Pensilvânia, a comitiva visitou o local de exploração de gás de xisto da empresa Chesapeake Energy e participou de encontros técnicos sobre o assunto. Além disso, realizou reunião sobre o gás de xisto com Professores da John Hopkins University.
“Como o mercado norte-americano, o Brasil conta com um potencial enorme de exploração de gás natural e temos de estar preparados para fazer esse segmento deslanchar”, destaca Quilici. “Isso pode representar uma enorme fonte de novos investimentos produtivos, bem como um vetor de competitividade para a nossa indústria”, complementa. “Precisamos de uma lei urgente que efetivamente abra o mercado de gás no país e reduza o seu preço”.
A missão, que contou com a participação de parlamentares que integram a Frente Parlamentar Mista Pró-Gás Natural, de empresários e do secretário do Itamaraty, Paulo Ming, foi organizada pelo deputado federal Mendes Thame (PSDB/SP) que coordena a frente e contou também com o deputado federal Jaime Martins (PR/MG). “Foi essa busca que levou os americanos a não só se tornarem autossuficientes em gás, desde 2010, como já se preparam para exportar o xisto. Daí a importância de a Frente vir conhecer essa experiência e avaliar se vale a pena investir nessa fonte, que tem custo bastante atrativo, mas também é alvo de polêmica, por conta dos impactos na sua exploração”, diz
Nos Estados Unidos, a produção de gás não convencional quadruplicou em 20 anos, chegando a cerca de 300 bilhões de metros cúbicos por ano, o que representa mais de 50% da produção total naquele país. O gás de xisto, em particular, que sozinho representa 11% da produção americana de gás, e antes não era competitivo, pode ser produzido hoje a preços inferiores a US$ 5 por milhão de BTU (cada BTU equivale a 26,8 metros cúbicos de gás), o que significa uma oportunidade histórica de acesso à commodity a preços supercompetitivos.
“No nosso caso, queremos exatamente pensar em medidas para que o setor ganhe eficiência e contribua para aumentar os níveis de competitividade da economia brasileira, além de ampliar a utilização de energia limpa no país”, destaca o deputado.
O deputado lembrou que a energia no Brasil é muito cara. Segundo ele, no caso do gás natural, por duas razões: altos impostos e limitação de oferta do insumo. Thame entende que, para reverter essa situação, é necessário que haja uma ação ativa do governo no sentido de substituir a utilização de fontes ultrapassadas de energia, como o carvão, por combustíveis limpos.
“O problema que se coloca é o da energia em geral. É preciso, a qualquer preço, parar com o desperdício de energia, mudar o tipo de energia, mudar muita coisa em nome da transição energética. Se continuarmos desperdiçando, evidentemente, cedo ou tarde nós precisaremos de outras fontes, afinal não podemos mais alimentar a nossa bulimia energética com os recursos convencionais”, afirma.
Heitor Ribeiro de Almeida Neto, presidente da Aspacer, avalia o desafio de propor medidas para que o mercado brasileiro ganhe eficiência e contribua para aumentar os níveis de competitividade da economia, além de ampliar a utilização de energia limpa no país. “Em breve, o gás de xisto, também chamado de gás não convencional, começará a ser explorado no Brasil e segundo informações da ANP (Agência Nacional do Petróleo), as reservas de gás em terra podem ultrapassar as do pré-sal. Projeções indicam potencial de reservas de 500 TFC (trilhões de pés cúbicos), o dobro dos 226 TFCs conhecidos até hoje. Por isso, estamos debruçados sobre esse tema e a missão oficial tem o caráter de intercâmbio de informações, com o interesse de promover o crescimento do nosso país”, disse.